Brasil e México se enfrentam na tarde desta quarta-feira, no Castelão em Fortaleza, pela segunda rodada do Grupo A da Copa das Confederações. Foi um duelo desigual por muitos anos, com ampla supremacia brasileira. De 1950, no Maracanã, quando jogaram pela primeira vez e o Brasil goleou por 4 a 0 até 1999, ou seja, em praticamente 50 anos, o México só havia saído vencedor por 3 vezes.
Ocorre que a partir de 2001 a realidade mudou bastante. O futebol mexicano evoluiu e passou a enfrentar de igual para igual o brasileiro. É verdade que a maior goleada neste período foi brasileira, por 4 a 0, em 2004, durante a Copa América disputada no Peru. Mas nas duas últimas partidas, ambas em 2012 (a ultima delas a final olímpica em Londres), os mexicanos saíram vencedores. A decisão de Wembley em 11 de agosto de 2012 aconteceu em circunstâncias completamente diferentes das atuais. Os técnicos eram outros, as convocações obedeciam a outros critérios. No Brasil, Thiago Silva, Marcelo, Oscar, Hulk e Neymar estavam na seleção medalha de prata. No México, Corona, Mier, Reyes, Salcido, Herrera e Raul Jiménes conquistaram o ouro.
As duas seleções vivem realidades contrastantes. A Seleção Brasileira parece estar encontrando sua melhor formação a ponto de Luiz Felipe Scolari anunciar a mesma escalação pela quarta vez consecutiva, além de ter estreado de maneira convincente com uma vitória sobre o Japão. Já o Seleção Mexicana enfrenta o inferno astral em função da campanha irregular nas eliminatórias para a Copa do Mundo e pela derrota categórica na primeira rodada para uma Itália nitidamente superior. Por outro lado não podemos ignorar que o time mexicano conta nesta competição com a presença de Guardado, Giovani dos Santos e Chicarito Hernandez, jogadores de alto nível técnico, que não participaram da campanha olímpic
Tudo indica que desta vez a equipe brasileira aparentemente chega melhor preparada para a partida, tanto técnica e taticamente quanto do ponto de vista psicológico. Os resultados vem acontecendo, a equipe se mostra mais organizada e confiante e, seu maior astro, Neymar, parece estar recuperando seu melhor futebol. A definição de seu futuro profissional o transformou de novo num jogador - dos melhores do mundo - concentrado no trabalho.
O time brasileiro ainda precisa evoluir em dois aspectos relativos ao funcionamento de seu meio campo. O primeiro é que sem a bola, Luiz Gustavo, Paulinho, Oscar, Hulk e Neymar ainda precisam ocupar melhor os espaços à frente da linha de quatro defensores. O problema foi menos grave contra o Japão, mas é preciso verificar o quanto ele já foi superado contra um time mais forte em termos ofensivos. O outro aspecto tem a ver com a movimentação destes mesmos jogadores com a posse da bola. Ela precisa ser mais intensa e sincronizada para evitar que Thiago Silva e David Luiz sejam obrigados a se valer dos passes longos com tanta frequência. O que deveria ser apenas mais uma alternativa de saída de bola tem sido muitas vezes a única solução para os zagueiros brasileiros. É fundamental que eles se movimentem rápida e coordenadamente a partir do momento em que o time tem a posse da bola e em coordenação com Dani Alves e Marcelo abertos nas laterais. Tudo indica que com o tempo o entrosamento acabe resolvendo o problema.
Uma equipe de futebol leva tempo para amadurecer, ganhar formato tático e espírito coletivo. A ruptura no trabalho que vinha sendo realizado por Mano Menezes não ajudou neste sentido, mas não dá para ignorar que as recentes atuações vem dando sinais animadores de evolução em todos estes aspectos. A experiência e o bom senso de Felipão e Parreira parecem estar facilitando o processo de reconstrução abrindo a possibilidade de resultados positivos no curto prazo.
Para terminar vale registrar o saudável e oportuno posicionamento dos jogadores brasileiros sobre as manifestações públicas que vem ocorrendo país afora nos últimos dias. Eles se revelaram atentos aos fatos e lúcidos ao se declararem a favor do direito das pessoas se manifestarem pacificamente
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