Os últimos dias de bastidores envolvendo o futebol brasileiro me fizeram lembrar dos tempos em que Francisco Horta, cartola do Fluminense, agitava o futebol carioca com suas mirabolantes transações de jogadores. Os famosos troca-trocas.
Criava-se um clima bacana, havia notícia, interesse dos torcedores, motivação dos jogadores e os torneios não ficavam na mesmice.
Hoje os tempos são outros. Os campeonatos estaduais perderam em interesse, e o Brasileirão é a cereja do bolo.
Existe uma agitação no mercado da bola que considero altamente positiva. Ronaldinho Gaúcho no Galo, Borges no Cruzeiro, e os gigantes mineiros novamente atuando em BH, o que muda consideravelmente o equilíbrio de forças do campeonato.
No Sul, o Inter parece disposto a deixar de lado a máxima recente de que não confirma favoritismo, e foi buscar Forlán, pensa em Ganso. O Grêmio contratou Elano, tem Zé Roberto e certamente será uma equipe mais forte em algumas rodadas.
No economicamente injustiçado Nordeste há o Sport montando um elenco interessante, o Náutico deixando aflitos os adversários que o visitam, e Falcão tentando dar uma nova cara ao Bahia.
No Rio, o Vasco segue forte, mas corre risco de ser desmanchado por problemas econômicos. O Botafogo trouxe Seedorf, uma belíssima sacada, o Fluminense tem um baita elenco, e o Flamengo tenta arrumar a bagunça administrativa. E segue jogando alguns balões de ensaio tipo Riquelme. Vai que algum deles vinga? E se Adriano um dia voltar a jogar bem?
Em São Paulo, o Corinthians voltará ao Brasileirão com sua força e equilíbrio, agora respaldados pelo título sul-americano. O Santos não terá Neymar e não se sabe o que pode ser do Santos sem ele. O Palmeiras pode jogar a próxima rodada como campeão da Copa do Brasil e muito mais leve. O São Paulo aposta em Ney Franco para colocar fim à sequência de tiradas da reta da diretoria. A Ponte Preta faz uma bela campanha, e a Lusa parece cada vez mais longe do rumo desejado por sua gente.
Temos ainda um Coritiba fortíssimo em Curitiba, também podendo começar a próxima rodada como campeão da Copa do Brasil. Um Figueirense curtindo uma nova loucura.
Isolado e, momentaneamente sem forças para reagir, aparece um fragilizado Atlético Goianiense.
O Brasileirão promete muito nesta temporada. Caras novas ainda virão. Sem Libertadores e Copa do Brasil teremos três equipes fortíssimas de volta ao torneio, Timão, Coxa e Verdão, e a relação de forças será alterada.
Não tenho dúvidas em afirmar que, tecnicamente, o Brasileirão é muito mais equilibrado e difícil que a Libertadores, cujo domínio vem sendo exercido sintomaticamente pelos clubes do nosso País.
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