Sempre me questiono sobre as diferenças que existem entre os principais torneios continentais de seleções no planeta bola. Tive a sorte de, profissionalmente, acompanhar o último ciclo da Copa América e da Eurocopa. vendo o desenrolar dos jogos.
Há uma diferença gritante: organização. A Eurocopa é muito maior que a Copa América economicamente. Chega a ser covardia comparar um torneio de um continente com dez nações e alguns convidados eventuais, com uma competição que reúne dezenas de países. A Uefa é uma entidade muito mais comprometida com seu negócio do que a Conmebol. O que resulta em um torneio europeu que sempre é realizado nos padrões da Copa do Mundo, enquanto a competição sul-americana ainda reúne defeitos que soariam inacreditáveis para a Uefa.
Na Venezuela, em 2007, no dia da final, alguns integrantes da empresa que comercializa a competição estavam desesperados porque um general qualquer decidiu que os 600 lugares reservados para os patrocinadores seriam ocupados pelos seus convidados.
Na Euro a organização, embora cometa seus deslizes, é muito mais cuidadosa. Os espaços dedicados a torcedores e mídia são mais amploes e confortáveis.
Existe a questão dos deslocamentos e distâncias. Na Europa há o costume de viajar de trem, principalmente na região central, mais rica e desenvolvida. As distâncias são menores, a cultura de viajar entre os países está enraizada e a facilidade de alfândega contribui. Sem contar o poder aquisitivo.
Na América do Sul algumas distâncias são absurdas para os padrões europeus. Para um Venezuelano de Maracaibo ir até um jogo no Sul do Chile é uma autêntica maratona. Não existe transporte ferroviário decente, onde existe transporte ferroviário. Os voos são longos e complicados, além de caríssimos.
Na Euro realizada por Ucrânia e Polônio o padrão tem algumas situações que remetem à Copa América. Distâncias de milhares de quilômetros, oferta precária de voos entre algumas sedes. Na Ucrânia mais que na Polônia. Se for comparar com Áustria e Suíça em 2008, países em que as linhas férreas são espetaculares, houve uma queda de qualidade.
Os estádios são modernos, eficientes, na maioria. Mas cá como lá há exageros e desperdício por questões políticas, com estádios muito maiores que as necessidades dos times locais.
Mas há diferenças que chamam a atenção e passam longe dos escritórios dos dirigentes. Elas estão dentro de campo, onde a bola rola, que é o que interessa.
A maior delas é a postura dos atletas. A maioria quer jogar bola, não quer enrolação, cavar falta, provocar, xingar juiz. Estão ali para jogar, para fazer o melhor. Em todos os jogos que vi nos estádios nas udas competições isso ficou evidente.
O atleta europeu, ou que joga na Europa, não tem o costume de abandonar a jogada para tentar cavar um pênalti, ou de ficar minutos protestando contra uma marcação.
Na América do Sul ainda estamos muito presos à catimba, à milonga, à tentativa de enganar juiz, adversário, torcida e telespectador. Na Europa, o atleta que tenta cavar falta é vaiado pelo estádio inteiro.
A arbitragem erra muito, na Euro e na Copa América. O jogo europeu é mais ríspido, com menos espaços, e há consciência disso por parte das equipes. Na América do Sul, na última Copa América, vi uma mudança nisso, com as equipes jogando mais compactas, um jogo mais físico, de contato e diminuição de espaço. Isso complicou sobremaneira as vidas de Argentina e Brasil, e foi fundamental para a conquista merecida do Uruguai.
Enfim, sutis diferenças.
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